sexta-feira, 31 de maio de 2013

Jardins que choram

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Eram tantas flores que me perdi, vi-me sem rumo nas mil e uma pétalas dançadas em manhãs de primavera. Ainda era cedo, oito da manhã quase, nem tanto, já eu beijava ramos e troncos de carvalhos que se pareciam esconder à medida que os meus olhos os alcançavam. Trazia geada no olhar, ventos carregados por pássaros que levam o teu nome escrito nas asas já quase desfalecidas. E não era mais que uma primavera vivida por entre beijos e sussurros de amor à Lua e cigarros fumados a medo.
Anoiteceu. As magnólias esconderam-se e os melros refugiaram-se em ramos que lhes contavam histórias de amor ainda antes de amanhecer. E estava quase vestida de preto, eu que nunca me vestia de tons escuros. Ainda pensei que te viesses sentar a meu lado e me beijasses os lábios cansados de te cantar poesia mesmo antes dos melros se soltarem dos ramos e do Sol nascer. Em vão. Acho que chorei com uma rosa, não me lembro, mas, para a próxima, prometo dançar ao som da melodia que já não me cantas.

9 comentários:

  1. "Acho que chorei com uma rosa, não me lembro, mas, para a próxima, prometo dançar ao som da melodia que já não me cantas." bravo!

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  2. Tu usas cada metáfora, meu deus fico espantada.

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  3. Tu escreves lindamente, mesmo.
    Muito obrigada, sigo-te também*

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  4. Ora essa, é a minha opinião. Tens textos maravilhosos aqui!

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  5. Fico contente, obrigada.

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  6. É talvez dos textos mais bonitos que li ultimamente! Escreves maravilhosamente bem, parabéns!

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  7. Não agradeças! O mérito é todo teu :)

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