quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Estrelas de amor


Ele desenhava-lhe amor nos cabelos e beijava-lhe rosas no peito de cada vez que se deixavam mergulhar numa paixão quase maior que os seus dois corpos abraçados. Tinha-lhe mais carinho do que à própria vida e, oh, adorava escrever-lhe poemas pelo corpo. Percorriam-se um ao outro num movimento tão subtil e único que até o céu parecia fotografá-los para, um dia, poder contar ao mar o que realmente era amar. Porque, na verdade, o que importa mais senão os céus  nas vidas de quem se ama? E é tão bonito contar as estrelas ao colo de quem nos tem a alma. E que não se faça mais dia, e que as estrelas iluminem os corações de quem mais chora, e que o mundo se apaixone e viva cada momento de olhos postos na Lua. Eles queriam fazer com que cada beijo durasse para sempre e com que cada estrela lhes preenchesse a alma até adormecerem. Porque não há nada mais belo que uma noite de amor, a não ser a Lua... E só ela os amava tanto quanto eles a si próprios.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sem estrelas


Não escrevia há já muito tempo, talvez porque deixara de sentir algo - borboletas. Afinal, o que é um escritor sem as borboletas que se lhe consomem a alma? E o que é o verão sem um amor tão apaixonado que nos faz sorrir a cada pássaro que nos sobrevoa as cabeças? Ela quebrava-se todas as noites, num choro escondido de quem sente o Inferno tão perto, que o consegue quase pisar. Vai deixar de doer, um dia - diziam-lhe em segredo. Ela fumava e chorava rosas de cada vez que pensava que ele se fora embora e no amor efémero que viveram (ou quase chegaram a viver). Ainda sonhava com os seus olhos - os mais belos que alguma vez vira, e com os seus lábios que a arrepiavam só de imaginar o prazer que lhe poderiam dar um dia. Era ele quem mais queria ver quando acordasse e queria beijar pouco antes de adormecer nos seus braços. Mas, certo dia, ela deixou-se inundar por uma paixão tão forte, que acabara por cair na ideia de um homem que nunca existira. Porque ele não era esse homem com quem tanto sonhava, nem tão-pouco quem lhe beijara tantas e tantas vezes o peito e lhe abraçara a alma. Ele magoara-a tanto que ela quis odiá-lo mais do que se odiava a si mesma. Mas ela ainda não se sentia em casa... Ele era o seu lar, o seu jardim, o seu maior desejo. E o que se faz com uma alma que perde a sua casa? Ainda chorava sempre que tocava tão suavemente as suas melodias de inverno no piano e diz-se que um coração que chora, é um coração ainda magoado. Ela era-lhe o céu e ele as suas estrelas. E quem ama sabe o quanto dói olhar para o céu e não o ver estrelado.