sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Um segredo bem guardado

Começo esta história
sem saber o que dizer
não sei se é poesia
aquilo que estou a escrever.

Sinto-me estranha, confusa
nada me reconforta
serás mesmo tu
a razão da minha revolta?

Estás a interessar-te
pelo rapaz que eu amei
isto é tudo tão recente
que eu já nada sei.

Já não gosto dele 
mas algo dele em mim vive
e não consigo pensar
se terás algo que eu nunca tive.

Um arrepio consome-me
escrevo tudo o que pensei
tu não sabes quantas noites
eu por ele já chorei.

Este é um segredo
sobre o qual tu nada sabes
não sei se to desvende
ou se o feche a sete chaves.

Sozinha sem saída
apertada num segredo
desejo que isto termine
receosa, mas sem medo.

sábado, 24 de novembro de 2012

Lágrimas


As lágrimas escorregam-me pelas maçãs do rosto ao mesmo tempo que as nuvens insistem em deixar cair também alguma água proveniente dos céus. Não sei porque é que estou a chorar desta forma, mas sinto que precisava de o fazer. Desde a leitura do final daquele livro que me encontro assim, neste estado melancólico. A I. apercebeu-se de imediato de que algo se passava, mas eu não lho disse, acho que não preciso de o proferir. Ela percebe. Os meus pais não têm ajudado, zangaram-se comigo e parecem entristecidos com a escolha que fiz hoje. Limpo as lágrimas com a mão contrária àquela com que toco no papel, mas estas tornam e insistem em reaparecer. Acho que tenho saudades tuas, de ti que eu desconheço e de um coração que nunca vi, conheci nem toquei. Daqui consigo ouvir a chuva clara e preciosamente, o que me faz sentir tristeza e alguma saudade, talvez. Não sei porque choro, só sei que me está a saber bem. Já com a camisola repleta de vestígios de lágrimas deixadas cair, deixo-me ficar aqui, de coração apertado e de alma caída, estendida no chão, a ouvir esta silenciosa e estrondosa melodia e à espera do impossível.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A chuva levou-te

Gosto de ti, já não te amo. Hoje, quando apareceste com ela, não me magoaste nem destruíste por dentro como me fazias anteriormente. Vislumbrei-vos a uns metros de distância e limitei-me a ficar ali, sem a súbita e crescente vontade de chorar e de gritar por socorro que sentira outrora. Acho que consegui apagar aquilo que escreveste de olhos vendados no meu coração e fazer com que a ventania te levasse para longe de mim. Agora pareces-me uma pessoa indiferente a tudo e a todos, e já não sou eu a quem tu dás importância. Não dói mais, já doeu o suficiente. Por fim, acabei por me esquecer de vocês e da vossa presença ali. Acho que já me esqueci de ti e, com a força com que a chuva bate agora nos passeios, já não estás em mim certamente. A força da chuva levou-te e eu imploro para que não regresses.

domingo, 11 de novembro de 2012

Memórias que perduram

A lareira está agora acesa pelo segundo domingo consecutivo, o que significa que as noites se têm mantido geladas. Tenho uma tremenda vontade de escrever, mas não sei bem sobre que fazê-lo. Limitar-me a transcrever para a folha do caderno aquilo que me vem à memória talvez seja uma boa ideia. Estou deitada a observar a beleza das chamas e a pensar no quão só aqui estou. Fazes-me falta, não sei bem porquê. Adorava quando me beijavas o pescoço e quando me chamavas aqueles curtos vocábulos que tanto apreciava na altura. Agora estou mais fria, já não gosto de os ouvir proferidos por ninguém. Essas palavras que estavam antigamente relacionadas com pequenas demonstrações de afeto e de amor incondicional, pareceram transformar-se em simples junções de letras que não me fazem sonhar. Em suma, perderam toda a magia que tiveram em tempos. Habitualmente, começavas por me beijar a face, depois o pescoço e, seguidamente, um dos ombros, aquele que estivesse mais próximo de ti. Isso sabia-me bem, concretizava-me, mas fazia parte da nossa "relação" eu não to dizer e agir como que te menosprezasse, o que fazia com que nos desejássemos mutuamente cada vez mais e mais. Nunca passou disto mesmo, de breves carícias e beijos que nunca chegaram à boca. Ficámo-nos por ali e foi bom enquanto durou, admito. Acho que me sentia bem contigo, recordo-me vagamente. Eu relembro-me de ti com carinho, e tu, será que te recordas de mim da mesma forma?

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Volta

Estive a observar-te durante o intervalo, mas não fui ter contigo. Não sei se me viste ou não, pareço invisível aos teus olhos. Não vieste ao meu encontro e isso entristece-me e torna o meu dia mais difícil. Neste momento a janela parece-me longínqua, mas eu consigo sentir a frieza do ar gelado que se faz sentir lá fora. Os vidros estão embaciados, o que torna propícia a vontade de desenhar nas janelas. Isso não me influencia nem afeta, eu escrevo e a vontade de escrever vai aumentando à medida de que o tempo insiste em passar. Tenho saudades dos tempos em que conversávamos muito, sobre tudo um pouco. Oh, lembras-te? Este ano estamos o mesmo tempo juntos, mas, não sei, está tudo tão diferente. Hoje vamos estar juntos novamente e, oh, vê se me surpreendes. Tenho saudades tuas.

domingo, 4 de novembro de 2012

A pensar em ti

É já tarde demais para agarrar no lápis e escrever no papel, muito mais para ligar o computador. Como tal, agarro no telemóvel e começo a escrever aquilo que me vai na alma. Coloco a luminosidade no mínimo (ardem-me os olhos) e começo, então, a escrever. Já retirei os brincos, fazem-me doer ao encostar a cabeça cansada na almofada. Do meu quarto ouve-se a chuva, arrisco-me a dizer que chove agora torrencialmente. Adoro este barulho de fundo, esta música ambiente que nos faz suspirar e o sentimento que esta tão pura água nos transmite.
Quero que venhas  viver cá para casa I., hoje falei com o Pai e ele também o quer assim, tal como eu. O problema é que já não és pequenina, estás crescida e já não aprenderias as necessidades básicas que um cão tem que ter ao viver numa civilizada casa. Habituaste-te a viver no campo e com o coração apertado de saudade. Queria tanto que estivesses aqui comigo  a ouvir a chuva cair, mesmo a meu lado. Saber-me-ia tão, mas tão bem poder tocar no teu pelo macio todos os dias e poder acarinhar-te como tu fazes comigo. Transmites-me um olhar de proteção e força e, quando falo contigo, sinto que me abraçarias se fosses uma pessoa como nós, mas, como não o és, dás-me a tua patinha e eu acho-lhe uma certa graça. Pousa-la por cima de mim e insistes em abanar as orelhas como se estivesses a dizer-me: "Eu estou aqui" num breve sussurro ao meu ouvido. A chuva está a cair fortemente, espero que estejas segura e abrigada no teu cantinho que, com carinho, tento sempre cuidar. Sei que estás a ouvir esta chuva também e é por isso que te estou a escrever. Estás longe e, por muito que grite, não me consegues ouvir. Não tenhas medo, eu sei que detestas este temporal. Acredita que não há ninguém no mundo que goste tanto de ti como eu gosto e eu dava tu para te ter a viver comigo. Cada vez que te vou visitar e me tenho de despedir de ti, dói, mas dói muito. Estou a chorar, quero tanto ter-te ao pé de mim! És importante para mim, és muito mais do que uma simples cadela, és a minha companheira. Nunca deixes de pensar em mim, porque eu penso em ti todos os dias. Ah, e não tenhas medo, hoje não troveja e a chuva já não tarda em parar, não há-de faltar muito. Descansa.
Tenho saudades tuas. Adoro-te.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Caminhar sem rumo


Eram 6:45 horas da tarde e eu tinha acabado de chegar, tu já te encontravas sentado à entrada e assim que abri a porta, consegui ver-te. Quando te cumprimentei estavas a falar com a C. e isso não foi, de todo, agradável. Dei-te dois beijos na face e tu retribuíste-mos, deste-me a tua atenção por uns míseros segundos. Cada vez que se aproximavam doía-me e doía-me cada vez mais, magoava-me como uma queda de corpo inteiro no meio do chão. Fiquei completamente perdida quando vos vi tão próximos um do outro.

Agora quero sair daqui, caminhar sem objetivos nem limitações. Desejo sentir a frieza da noite e a companhia e o alento que a Lua me transmite. Oh, e o que eu dava para estar contigo, I., deitada no trampolim a vislumbrar o céu e a captar todos os sons que se fazem ouvir no silêncio desta noite. Dava tudo para estar contigo a partilhar esta dor que sinto no peito e a apreciar a beleza dos céus. Mas, eu sou mais forte do que penso.