sexta-feira, 15 de março de 2013

Sem casa

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Na varanda a falar com a Lua; era só mais um de tantos dias. Perdia-me em caminhos nunca antes percorridos e despia-me em cada palavra que sussurrava na noite. Imaginei-te sentado a meu lado em tons primaveris e a cheirar a flores; era bom demais. Rasguei a folha de carvalho escrita de memórias, lágrimas e poemas cantados pelo pai e decorados por mim. A dor não era suportável e, por momentos, imaginei-me a dançar contigo e a cantar-te ao ouvido. Vi-nos a correr pelo bosque que sempre sonhaste conhecer e pela floresta que tanto me amedrontava, sempre de mãos entrelaçadas e de corações abraçados. Tentei falar, mas não tinha voz, e foi aí que toquei para ti. Entrei e despi o casaco que me ofereceras, em jeito de remover o teu cheiro a ternura dos meus braços. E toquei até adormecer, até à Lua se perder nos meus dedos. Mas sem nunca me perder de ti.

12 comentários:

  1. Está lindo, pequena Inês :)
    tens imenso jeito. Os teus textos provocam-me arrepios :P

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  2. oww de nada querida :) é a pura das verdades.
    Bjs

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  3. como a lua está sempre convenientemente direccionada ao nosso choro, e como nós a olhamos... tentando não perder o que resguardamos na mão, que de meloso resvale por entre os dedos e sem querermos afirmar, já se perdeu tudo quando muito julgávamos que o tínhamos. Mas sempre foi tudo uma ilusão, um aglomerado de impulsos e palavras mal dadas, e no fim costas vergadas ao peso da noite...lágrimas caindo na vertical ao chão.

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  4. oh :') muito obrigada
    e o teu texto está lindo!

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  5. "sempre de mãos entrelaçadas e de corações abraçados" "Entrei e despi o casaco que me ofereceras, em jeito de remover o teu cheiro a ternura dos meus braços. E toquei até adormecer, até à Lua se perder nos meus dedos. Mas sem nunca me perder de ti." amo amo amo *.*

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  6. agora fiquei sem jeito :s muito, muito obrigada.. :')

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  7. Em dias como aquele, é complicado acreditar na nossa capacidade de sermos fortes, mas já passou e já me sinto um pouco mais confiante. Palavras como as tuas fazem sempre bem :)

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  8. que perfeição!
    "E toquei até adormecer, até à Lua se perder nos meus dedos. Mas sem nunca me perder de ti."
    tens uma escrita poética, tão bela, que me faz sentir de mil modos, a cada palavra se junta uma emoção.
    os teus textos são dignos de serem relidos. sou uma grande apreciadora deste tipo de escrita, aliás é um pouco o meu também.
    adoro o teu blog, é dos que tenho mais gosto em ler.
    beijinhos

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