terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Despedida


Senti o calor das trevas, o piso molhado que só se pisa no Inferno e as lutas entre almas loucas de saudade. Senti-me lúgubre e com uma vontade imensa de fazer parar o tempo, como que por magia. Tentei sentir-me, mas não conseguia, estava demasiado gelada para tal. Entre o bizarro pipilar noturno dos pássaros e a escuridão daquela noite, deixei-me derreter entre paredes repletas de contos e poemas há muito decorados. Caí no chão e apreciei as nuvens e a Lua, e quase o Sol que não tardava a nascer para iluminar a rua. Não conseguia despedir-me de ti, ainda não me tinha acostumado à dor de o fazer. Antes éramos lindos jardins de magnólias e agora somos apenas palavras ausentes de nós mesmas, incapazes de as proferir. Naquela noite senti-me um pássaro, daqueles que quebram uma asa e não voam mais, um céu cinzento em dias que trovejam, uma vela apagada e um simples pedaço de mar. Oh, diz que me levas contigo.

11 comentários:

  1. Este texto está simplesmente belo...
    (Inês, eu queria seguir-te, mas não estou a conseguir :s)

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  2. Escreves tãoo bem, adoro ler os teus textos a sério..acho que às vezes o que escreves nestes posts se 'identificam' um bocado com o que muitas vezes sinto :)
    Continua!!
    Beijinhos :)

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  3. "Naquela noite senti-me um pássaro, daqueles que quebram uma asa e não voam mais, um céu cinzento em dias que trovejam, uma vela apagada e um simples pedaço de mar." tanto para se sentir aqui, e estremecer - adorei

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  4. oh, dessa não estava à espera.. mas deixou-me sorrir. é sempre caloroso saber que as nossas palavras ganham espaço no mundo de alguém. obrigada querida inês, és um doce.

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  5. oh! :) espero não vir a desiludir, então.

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  6. obrigada, mas não gosto que me percebas. isso quer dizer que estás mal.

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